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sexta-feira, 29 de junho de 2012

A experiência do Espírito Santo à luz do testemunho de São Pedro


A figura de Pedro é um exemplo de mudança de vida para todos nós. Na sagrada escritura, este personagem aparece como portador de uma história de vida muito singular, que inspirou muitos outros homens e mulheres no decorrer do cristianismo. Para refletir sobre isso, neste breve texto, no principio discorrerei acerca do inicio de sua vocação. Posteriormente abordarei a temática da sua transformação a partir da experiência com o Espírito Santo. Finalizarei refletindo, e o que é a temática central deste texto, a relação desta história com a nossa história, com a nova vida que Deus tem chamado nestes últimos tempos.

Pedro era um pescador e, portanto, era um homem sem instrução mas que tinha uma grande habilidade no mar. Segundo o evangelho de Mateus, ele estava juntamente com o seu irmão Tiago pescando no mar da Galiléia quando viu pela primeira vez a Jesus que, ao primeiro contato com a dupla de pescadores lança o convite: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens” (MT 4, 18-20). Segundo o evangelista, imediatamente eles deixaram tudo e seguiram ao homem que tinha feito tal proposta. O primeiro questionamento que me vem a cabeça é: o que faz com esses homens largassem tudo e seguissem a um sujeito desconhecido do modo como eles decidiram seguir? Vemos que Jesus ainda estava começado seu ministério público e deste modo não havia começado a percorrer a região curando e realizando milagres. O que esses homens viram em Jesus? O mesmo parece ter ocorrido com outro apóstolo, Levi, também chamado de Mateus: “Ao passar, viu Levi, o filho de Alfeu sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me”! Ele se levantou e seguiu-o” (Mc 2, 14).

Muito mais do que entender o porquê esses homens assim fizeram, precisamos estar atentos ao fato de que eles o fizeram, e não foi sem nenhum motivo pois não tinham pouca coisa a perder. Levi era um cobrador de impostos e, portanto estava enredado na trama de poder e dominação da sociedade da época, pois estava serviço do governo romano. Então ele não podia simplesmente largar tudo sem sofrer algum tipo de censura ou retaliação, sem contar o dinheiro que iria perder. Pedro era um trabalhador, casado e há muita chance de que ela fosse o provedor de sua família. É difícil pensar que o abandono de seu trabalho não causasse prejuízos não só para ele bem como para sua família. Mas ele largou tudo e foi com Jesus.

Já nas primeiras conversas com o seu novo mestre, foi se evidenciando qual seria o lugar de Pedro no grupo que estava se constituindo. Seria o chefe, e esta escolha foi do próprio Jesus: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra eu edificarei a minha igreja”. No entanto, demorou muito para que ele entendesse o que realmente era ser discípulo de Jesus. Na verdade Pedro era um dos apóstolos mais problemáticos. Dois episódios podem nos ajudar e entender este aspecto. O primeiro é aquele em que Jesus aparece aos seus apóstolos andando sobre as águas. Pedro demonstrando firmeza e confiança pede para que, se fosse mesmo Jesus, que lhe permitisse ir até ele andando sobre as águas. Ah, quanta coragem! Mas na verdade era mais um impulso do que uma plena convicção no poder de Cristo. Logo após dar alguns passos, Pedro sente medo e afunda. A fala Jesus revela o que aconteceu: “Homem de pouca fé”. Pedro era pescador, vivia no mar, e mesmo assim sentiu medo diante das águas. O medo de Pedro não era em estar afundando, mas em não conseguir andar sobre as águas dos seus medos interiores. Ele era impulsivo queria resolver as coisas no mesmo instante e achava que tinha forças o suficientes para tanto. Qual foi o seu engano!

Outro episódio que nos mostra este lado do nosso personagem é aquele em que Jesus anuncia a sua verdadeira missão: Sofrer e morrer pelos pecados dos homens. Ele comunica aos seus amigos (pois é assim que ele chamava os seus apóstolos) que ele devia ir para Jerusalém, onde seria preso pelas autoridades, e finalmente seria condenado à morte. Pedro chama Jesus de lado, como quem quer o corrigir, e censura-lhe tais palavras. A resposta de Jesus e incisiva e sem dó: “Afasta-te de mim satanás! Pois não tens em mente coisas de Deus e sim as dos homens” (Mc 8, 33). Interessante notar que esta cena ocorre um pouco abaixo daquela em que o mesmo Pedro professa sua fé: “Tu és o Cristo” (Vs. 29). Ora, o episódio evidencia que Pedro ainda não havia compreendido o verdadeiro significado do reinado de Jesus Cristo neste mundo. Ele era rei, mas que rei que é condenado e morto por seus próprios súditos? A imagem que Pedro tinha de Jesus era aquela que ia ser confirmada na entrada em Jerusalém: um messias triunfante, aclamado pelo povo, libertador das injustiças que Israel estava sofrendo por estar sob a dominação de uma outra nação.

Os evangelhos nos mostram muitas outras situações em que Pedro aparece aparentemente como um dos últimos indicados a ser o líder do grupo dos seguidores de Cristo. E após a morte de Jesus o que fez Pedro? Voltou a pescar! Voltou a vida que tinha antes de conhecer o Senhor. Não bastaram os milagres, as curas, as palavras, para que Pedro tivesse uma transformação efetiva em sua vida. E Jesus bem sabia disso, e sabia ainda do quanto aqueles que escolheu eram “cabeça dura” demais. Mas ao mesmo tempo não desistiu deles, sabia que tinham potencial para se tornarem um “outro cristo”, e por esse motivo alertou-os – já ressuscitado – como deviam proceder para que se cumprisse planamente a sua missão. Nos versículos 4, 5 e 8 do primeiro capítulo dos Atos do Apóstolos podemos ler:

Ao tomar a refeição com eles deu-lhes esta ordem: ‘não vos afasteis de Jerusalém, mas esperai o cumprimento da promessa do Pai a qual me ouvistes falar, quando eu disse: ‘João batizou com água; vós porém dentro de poucos dias sereis batizados com o Espírito Santo. [...] Mas recebereis o poder do espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria, e ate os confins da terra.”

Pedro e os demais cumpriram a ordem do Senhor, permaneceram em Jerusalém unidos, esperando a promessa. E chegando o dia de pentecostes “os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um ruído como um vento forte, que encheu toda a casa em que se encontravam. [...] Todos ficaram cheios do Espírito Santo [...]” (At 2 1-4). Este foi o marco transformador na vida de Pedro, bem como nos outros apóstolos. Após este momento – em que eles ficaram cheios do Espírito – imediatamente saíram do lugar onde estavam trancados por medo daqueles que mataram a Jesus, e totalmente destemido Pedro ficou de pé e proclamou a aquela que podemos chamar de a primeira pregação da igreja Cristã. Pedro foi corajoso, e era pois, o mesmo que negou Jesus três vezes diante de uma simples criada, que agora teve a coragem de professar sua fé diante de três mil pessoas.

E mais do que isso o proclamou também diante dos mesmos homens que tramaram a morte de Jesus. Ao ser levado para ser interrogado pelas autoridades por ter curado em nome de Jesus, Pedro disse: “Ficai sabendo vós e todo o povo de Israel: se este homem está curado diante de vós, é por meio do nome de Jesus Cristo, o Nazareno, que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos” (At 4, 10). Que coragem, e que sábias palavras! Quem disse estas palavras não foi um teólogo, nem mesmo um eloqüente pregador, e sim um pescador, mas agora cheio do Espírito Santo!

Esta mesma experiência que Pedro teve também nós podemos ter: “Pois a promessa é para vós e para vossos filhos, e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor Deus chamar” (At 2, 39). Nós estamos longe, temporalmente, do acontecimento de pentecostes. É, portanto também para nós esta promessa, e Deus já esta cumprindo-a. o Espírito Santo tem sido derramados sobre inúmeras pessoas que confiantemente se entregam ao Senhor e pedem esta graça. Pedir para ficar cheio do Espírito é uma ordem do próprio Jesus quando disse “pedi e recebereis”. Não existe desculpa para não o fazermos. Peçamos insistentemente ao Senhor a graça de termos a mesma coragem que Pedro, e receberemos a força do Espírito Santo e seremos suas testemunhas onde quer que estejamos.

***

Depois de refletir sobre esta história me pego pensando; o que fez este homem mudar assim? Poderia resumir tudo isto em uma única palavra: experiência. O que fez Pedro mudar, de um homem inseguro, inquieto, medroso, cético, em um homem corajoso, destemido, ansioso para que todos conhecessem o homem que possibilitou que ele mudasse, foi a experiência com o Espírito Santo. Foi o evento de Pentecostes. Não há outra maneira de explicar esta reviravolta e esta conversão sem colocar a frente de tudo isto aquela manhã em que Pedro foi batizado no Espírito Santo juntamente com os outros discípulos. O nome de Jesus não seria tão conhecido como hoje é sem que houvesse Pentecostes. O derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi como que Deus ligando o interruptor da igreja para que a energia pudesse correr no meio dela e a assim a força do Espírito Santo impulsionar aqueles homens e mulheres a anunciar por toda a parte o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Desde o evento de pentecostes, o Espírito Santo vem continuamente sustentando a igreja nos trilhos do mandato evangélico de Cristo. Mesmo se por algum tempo a igreja não deu tanto espaço para a manifestação do Espírito, ele sempre esteve junto dela, guiando, agindo nos sacramentos, manifestando em tantos santos e santos que se deixavam guiar pela sua unção. Mas nos últimos anos estamos presenciando um novo reavivar do Espírito. Podemos dizer que aprouve Deus, nestes tempos manifestar seu Espírito para renovar a igreja e para chamar o seu povo para que redescubra a graça de viver a graça do cristianismo de forma plena e não simplesmente como um evento social ou cultural.

A graça que estamos vivenciando é a graça que fez com que Pedro se tornasse chefe e cabeça da igreja de Cristo. É a graça que faz com que nossa vida ganhe um sentido verdadeiro, ganhe dinamismo, se encha de alegria. Deus está reunindo um povo para que tenha um modo cristão de viver, com um modo de vida inspirado na vida de Cristo e baseado no amor sem restrições, no desapego, na alegria, no temor de Deus, na comunicação desta graça aos que ainda não conhecem esse Deus. O cristão é chamado a ser um outro Cristo, assim como Pedro foi pois ele também doou sua vida em favor do evangelho em favor dos outros. Assim como Cristo, também ele foi morto pela causa evangélica. E nós? Seremos capazes de mergulhar nesta vida nova mesmo sabendo que apesar das alegrias nosso fim pode ser o mesmo de Cristo devido ao ódio que o mundo tem dele? É uma aventura se lançar nesta direção, mas é uma aventura emocionante, e que reserva muito mais alegrias do que tristezas para aqueles que abrem mão da sua vida em favor da vida nova em Cristo.

©Alberto Fonseca. Graduando em História/UFRRJ. Junho-2012.
albertofonseca@ufrrj.br

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