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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A REVOLUÇÃO DO AMOR

No meu último artigo tratei sobre como as pessoas tem perdido o seu ideal de vida, e disse que isso refletia num mundo que eu considerava estranho, de pessoas que não sabem onde querem chegar. Pois bem, no presente artigo quero continuar a refletir sobre esse nosso mundo, esta nossa sociedade, mas agora em um outro sentido. O mundo se encontra de tal forma que, às vezes,  passa pela nossa cabeça que Deus se retirou dele ou o esqueceu . É dispensado aqui, falar de tudo o que acontece ao redor do planeta e que abre a possibilidade para pensarmos de tal maneira. Basta olhar as manchetes de tevê onde, num dia a notícia é sobre  filhos que assassinam seus pais , noutro o que vemos são pais que matam filhos, e assim por diante diversos outros acontecimentos que nos incitam a perder a fé no futuro da humanidade. Então pensamos: O que dizer e fazer diante disso tudo? Qual é a causa desses males? Se Deus existe, porque deixa tais coisas acontecerem?

Ora, como cristãos nossa reação em primeiro lugar não deve ser a de colocar Deus como protagonista dessas barbaridades. Dele só pode sair o bem pois ele é Bom. A bondade não é uma característica de Deus, mas mais do que isso, ela  é sua própria substância, ele é o bem por excelência. Ao colocarmos a palavra “porque” no meio dessa história estamos duvidando do amor de Deus e até mesmo duvidando dele próprio. A nossa  atitude deve ser a de ir além das meras aparências, de ir na raiz de todos os males que é o pecado.

O catecismo da Igreja Católica diz no parágrafo 387: “Somente á luz do desígnio de Deus sobre o homem compreende-se que o pecado é um abuso da liberdade que Deus dá às pessoas criadas para que possam amá-lo e amar-se mutuamente”. Falar de pecado, é falar antes de mais nada de uma escolha do homem e não de Deus. Deus em seu infinito amor criou o homem à sua imagem e semelhança (Cf. Gn 1,27)  e, amando sua criação desde o princípio,   quis que esse amor fosse correspondido por parte do homem. 

 
O amor verdadeiro não requer nada em troca para sê-lo, mas ele passa a existir na medida em há gratuidade em sua intenção. Eu amo de verdade se eu desejo algo de bom para alguém sem esperar ser correspondido por essa pessoa. Eu só posso amar se eu decidir livremente fazer isso. Assim do mesmo modo que os cônjuges só podem receber um ao  outro em casamento se decidirem isso de livre e espontânea vontade, pois aí pode-se ter certeza de que se trata verdadeiramente de uma decisão baseada no  amor, assim também  Deus só poderia receber nosso amor se desse-nos a liberdade para escolher se queríamos ou não amá-lo. Ele então nos fez livres para amar, e esta liberdade dada, por conseguinte tange todas as áreas do ser humano.

Pois bem, somos livres, e nossa liberdade é concreta pois podemos decidir sobre tudo em nossa vida. Sobre tudo? Isso mesmo, sobre tudo. Como nos diz São Paulo “tudo me é permitido”, porém completa o apóstolo “mas nem tudo me convém”(cf. I Cor 6,12).  Eu sou livre, mas  existe limites para essa liberdade. O limite está inscrito tanto na lei natural  como também na lei dos homens, e é exatamente isso que São Paulo quis mostrar quando disse que nem tudo convém. Eu sou livre para fazer ou não o bem a uma pessoa, mas isso não me permite fazer o mal a ela, isso não é liberdade e sim o abuso dela. É  isso mesmo que o catecismo nos diz no trecho acima citado, pois o pecado surge quando rompemos o limite da nossa liberdade e passamos a agir deliberadamente conforme nosso próprio querer. Agindo dessa forma, estamos colocando Deus de fora do campo de atuação, pois ele age somente quando livremente deixamos que ele aja em nós. Então partir desse momento é que estamos pecando porque nos afastamos de Deus e abusamos da liberdade que a nós foi dada.

Chegamos então a grande descoberta: não foi Deus quem se retirou do mundo, mas o mundo se afastou de Deus por causa do pecado. O mundo quer solucionar seus problemas, mas não quer dar a Deus a chance de participar . Também nós queremos solucionar nossos problemas e, da mesma forma muitas são as vezes em  que decidimos por conta própria o que vai ser melhor para nós deixando Deus de fora dessa escolha. Aí pecamos. Este é o lugar do pecado, lugar onde Deus não está. O pecado então é a ausência de Deus. Muito mais do que uma ação, o pecado é uma situação onde Deus não foi convidado a fazer parte. 


Deus é amor  (1 Jo 4, 16), se portanto estamos com Deus não podemos produzir outro fruto se não o amor. Onde há amor não há pecado, pois quem ama está com Deus, e quem está com Deus não dá espaço para que o pecado encontre um lugar  em suas vidas.

 Deus tem andado pelo mundo pedindo que as pessoas se amem mais. Ele tem falado por meio de muitas   pessoas como Madre Teresa de Calcutá, Papa João Paulo II, que pregaram exatamente isto, o amor a Deus mas que é indissociável do amor aos outros. Estas pessoas sabiam exatamente qual a solução para os problemas do mundo. O amor é a solução, pois no amor não há guerra. No amor eu partilho o que eu tenho com quem mais precisa e não deixo que o outro passe fome. No amor eu cuido da natureza como verdadeira criação divina a qual depende a vida do planeta.

O recado está dado. Amemos uns aos outros, propaguemos a ideia do amor, pois só assim o mundo terá chance de ser melhor. Lembremos das palavras do apóstolo dos gentios quando disse que  onde havia abundância do pecado, a graça de Deus foi maior ainda ( Cf: Rm 5, 20). Esta é a nossa certeza:  a  de que Deus caminha conosco e se compadece dos nossos sofrimentos. Vamos levar mais a sério as palavras de Jesus e colocar em prática através de gestos concretos o seu pedido do amor. Então estaremos começando a realizar a maior revolução que o mundo já viu e, a única capaz de transformar efetivamente ele:  a revolução do amor.


©Alberto Fonseca. Graduando em História/UFRRJ. Fevereiro-2011.
albertofonseca@ufrrj.br

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